A Dash está trabalhando na implementação de uma série de melhorias para a funcionalidade de transação anônima PrivateSend, incluindo insinuações de soluções baseadas em criptografia no futuro.
Como parte da futura atualização 12.4, com lançamento antecipado para as próximas semanas, uma série de otimizações e consertos foram adicionados ao PrivateSend, a funcionalidade de privacidade da Dash que usa masternodes para misturar os fundos de muitos usuários de maneira que a origem da transação resultante fique escondida. De acordo com Udjinm6, desenvolvedor chefe do Dash Core, as melhorias devem melhorar tanto a velocidade do processo de mistura quanto sua confiabilidade na proteção da privacidade dos usuários:
“Novas mudanças devem tornar o processo de mistura levemente mais rápido devido às múltiplas (4 por padrão) sessões de mistura sendo executadas agora em paralelo e tornar mais difícil a análise da mistura de transações graças a uma variância maior e uma maior precisão no algoritmo de seleção de inputs.”
Além de melhorar a velocidade de mistura, as quantidades possível e mínima de rodadas de mistura foram dobradas: de um mínimo de duas e um máximo de oito para um mínimo de quatro e um máximo de 16. Udjinm6 acredita que isto deve manter a oferta de privacidade da Dash num nível sólido para os consumidores, no entanto ele pediu cuidado e ferramentas de suporte adicionais nos casos em que o maior possível de anonimidade é necessário:
“Deve ser ok usar o PrivateSend para o usuário geral que não quer revelar o histórico da sua carteira para qualquer comerciante/casa de câmbio/observador por aí. Se, no entanto, você está numa situação na qual literalmente a sua vida depende disso, você deve provavelmente considerar usar soluções baseadas em criptografia com outras ferramentas de segurança combinadas.”
O foco principal da Dash como sistema de pagamento, especificamente dinheiro digital, necessita da presença de ferramentas que removam o link entre as transações e seu remetente. No entanto, circunstâncias especializadas tais como uso na dark net que requer que parte nenhuma da atividade financeira do usuário seja acessível, não é atualmente um foco principal do projeto, particularmente nos casos em que lidar com isso iria degradar a experiência do usuário.
Denominações extras reduzirão significativamente as taxas do PrivateSend
Outra grande melhoria na próxima atualização é a introdução de denominações extras no processo de mistura do PrivateSend, ao mesmo tempo que remove aquelas que são usadas mais raramente. De acordo com um issue aberto no Github pelo desenvolvedor Pasta, o atual arranjo de denominação pode resultar em taxas caras para transações privadas:
“Atualmente, o PrivateSend tem 4 denominações: 10 Dash, 1 Dash, 0.01 Dash. No preço atual de 250 USD isso significa que o menor tamanho é 2.50 USD. Isso também quer dizer que, para uma transação de PrivateSend a taxa pode ser de até 2.50 USD, e no preço de pico da Dash a taxa poderia ser 15 USD. Claro que essa alta taxa é devido ao fato que um endereço de troco não pode ser usado sem comprometer a privacidade.”
Normalmente, quando transações da Dash são enviadas, uma input completa é dividida, com a quantia pretendida indo para o destinatário e o restante retornando para o endereço de troco do remetente. Para usuários que desejem quebrar o link entre seus endereços e a transação, utilizar um endereço de troco não é viável, já que isso iria criar ligar o remetente à transação, mesmo se a transação em si tiver sido anonimizada. Em vez disso, a Dash simplesmente usa as inputs restantes como taxas de transação. Em alguns casos, isso poderia resultar numa taxa de transação relativamente alta, e as mudanças propostas poderiam melhorar significativamente a situação, como Pasta resumiu:
“No geral, este issue afirma que devemos introduzir uma denominação de 0.001 Dashs, remover a de 10 Dash e implementar isso no 12.4, de preferência.”
Já que o preço da Dash permanece significativamente maior do que nos anos passados, a utilidade prática de uma denominação de 10 Dash diminuiu, enquanto a de uma denominação de 0.001 aumentou.
As listas determinísticas de masternodes vão revolucionar as light wallets da Dash, inclusive para o PrivateSend
Um elemento central na atualização 12.4 é a introdução de listas determinísticas de masternodes — uma grande reorganização estrutural que permitiria que as carteiras obtivessem uma lista de masternodes sem precisarem acessar a blockchain em si, dividindo as chaves dos masternodes em três partes. Entre outros casos de uso, esta melhoria permitirá que o mixing do PrivateSend seja feito por clientes sem uma cópia completa da blockchain, preparando o terreno para transações privadas em celulares sem necessidade de confiar em terceiros. De acordo com Udjinm6:
“O PrivateSend ainda é um processo altamente interativo, então dificilmente é razoável tentar implementá-lo em plataformas móveis como está agora. O que uma lista determinística de masternodes te dá é a habilidade de construir uma lista de masternodes de maneira que não necessita de confiança, verificável (o que não era possível antes), o que é o primeiro passo.”
Por conta da maneira que ocorrem as comunicações entre clientes leves e nós completos, soluções de privacidade que dispensam completamente a confiança em terceiros em dispositivos móveis foram algo elusivo no meio das criptomoedas. A atualização 12.4 da Dash poderia torná-la uma das primeiras criptomoedas a alcançar isso, apesar de que há outros projetos que estão tentando fazer avanços nisso também.
Será que há soluções de privacidade baseadas em criptografia para a Dash no horizonte?
A solução de privacidade da Dash baseada em mixing permaneceu uma opção sólida nos últimos anos, maximizando o equilíbrio entre a privacidade do usuário e a experiência de transação, incluindo estabilidade e confiabilidade da rede. Enquanto ainda acredita que o arranjo atual da Dash é o melhor para seu propósito, Udjinm6 insinuou uma exploração futura de soluções de privacidade baseadas em criptografia para a Dash:
“A maior parte das soluções de privacidade criptográficas dependem de criptografia bastante nova sem implementações estáveis, e nós vimos bugs serem descobertos nessas soluções que poderiam ser usados para inflar o suprimento de moedas. É por isso que preferimos soluções baseadas em obscurecimento. Tendo dito isso, estamos procurando por soluções menos interativas/mais criptográficas para melhorar a experiência do usuário.”
Uma variedade de criptomoedas, notavelmente Monero e Zcash, empregam soluções baseadas em criptografia, no entanto várias brechas de privacidade e dificuldades de integração ocorreram como resultado da natureza relativamente experimental da tecnologia. Além disso, os agentes da lei insinuaram ter a habilidade de quebrar a privacidade das soluções baseadas em criptografia atualmente. Conforme a tecnologia e a pesquisa na área continuam a se desenvolver, no entanto, a criptografia pode se tornar a opção mais confiável e viável de proteger a privacidade dos clientes no futuro.